terça-feira, 29 de maio de 2007

A reforma urbana do Rio de Janeiro


No século XX, o Rio de Janeiro enfrentava graves problemas sociais, decorrentes de seu crescimento rápido e desordenado. Com o declínio do trabalho escravo, a cidade passara a receber grandes contingentes de imigrantes europeus e de ex-escravos, atraídos pelas oportunidades ao trabalho assalariado.
O incremento populacional e o aumento da pobreza agravaram a crise habitacional, constante no Rio desde meados do século XIX. O epicentro dessa crise era ainda o centro do Rio – a Cidade Velha e suas adjacências –, onde se multiplicavam as habitações coletivas e onde eclodiam as violentas epidemias de febre amarela, varíola, cólera-morbo.
Os higienistas foram os primeiros a formular um discurso articulado sobre as condições de vida na cidade, propondo intervenções drásticas para restaurar o equilíbrio do organismo doente. O primeiro plano urbanístico para o Rio de Janeiro foi elaborado entre duas epidemias violentas (1873 e 1876), mas uma ação concreta nesse sentido levaria cerca de três décadas para se realizar. Foi a estabilidade político-econômica, alcançada no governo Campos Sales que permitiu ao seu sucessor, Rodrigues Alves, promover, entre 1903 e 1906, o ambicioso programa de renovação urbana da capital.
Tratada como questão nacional, a reforma urbana sustentou-se no tripé saneamento, abertura de ruas e embelezamento, tendo por finalidade última atrair capitais estrangeiros para o país. Era preciso sanear a cidade e, para isso, as ruas deveriam ser necessariamente mais largas, criando condições para arejar, ventilar e iluminar melhor os prédios. Ruas mais largas estimulariam igualmente a adoção de um padrão arquitetônico mais digno de uma cidade-capital.
Apoiada nas idéias de civilização, beleza e regeneração física e moral, a reforma promoveu uma intensa valorização do solo urbano da área central, atingindo a população de baixa renda que ali se concentrava. Cerca de 1.600 velhos prédios residenciais foram demolidos.
A reforma da capital constituiu, sem dúvida, uma ruptura no processo de urbanização do Rio de Janeiro, um ponto de inflexão no qual a "cidade colonial" cedeu lugar, de forma definitiva à "cidade burguesa", moderna, do século XX, que tinha como parâmetros às metrópoles européias.
Fonte de Pesquisa:
DEL BRENA, Giovanna Rosso (org.). O Rio de Janeiro de Pereira Passos. Uma cidade em questão II. Rio de Janeiro: Index: PUC/RJ, 1985.

Um comentário:

Unknown disse...

Muito bom !
gostei muito pois tem conteudo
tema!