terça-feira, 29 de maio de 2007

As modificações de Pereira Passos e criação da Avenida Central


O governo federal resolveu agir, em duas frentes: reforma urbana e combate a doenças. O presidente Rodrigues Alves entregou a prefeitura da capital a Francisco Pereira Passos. Filho de um rico proprietário rural, Pereira Passos estudara engenharia e fora nomeado adido da legação brasileira em Paris, onde completara seus estudos e observara a reforma empreendida na capital francesa por Georges Eugène, barão Haussmann: bairros inteiros eram arrasados para dar lugar a largas avenidas e praças - o que facilitava o trânsito e evitava a formação das barricadas, que então caracterizavam as revoltas populares. Para implantar o modelo haussmaniano, Pereira Passos recebeu do governo amplos poderes. Como em Paris, casas foram demolidas, ruelas estreitas foram alargadas, amplas avenidas foram construídas.
A avenida Central foi o segundo grande eixo da remodelação urbana promovida no Rio de Janeiro, na primeira década desse século. Através dela, interligaram-se duas linhas fundamentais do tráfego: a avenida do Cais a avenida Beira-Mar. A primeira margeava as instalações do novo porto, dirigindo-se para São Cristovão e servindo de limite para expansão dos bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo. A outra, uma via ajardinada de 25 metros de largura seguia pela orla em direção à zona Sul.
A abertura da avenida Central ficou sob a responsabilidade da Comissão Construtora da Avenida Central, criada em novembro de 1903 e chefiada por Paulo de Frontin. As demolições, que começaram em 8 de março e se estenderam até agosto, atingiram 1.600 velhos prédios residenciais e comerciais. Com seus 1.800 metros de comprimento por 33 metros de largura e calçadas de sete metros, a avenida Central foi entregue ao público em novembro de 1905, ocasião em que foi inaugurada a iluminação elétrica da cidade.
Por volta de 1910 já estavam prontos os prédios "monumentais" da grande avenida, quase todos exuberantemente ecléticos, de lojas, clubes, hotéis, jornais, empresas e do próprio Estado. A literatura propagandística da época converteu a nova avenida no símbolo da "Cidade Maravilhosa".
A impotência Arquitetônica da Avenida Central (Rio Branco a partir de 1912 e, ainda hoje, a artéria mais importante do centro) manteve-se intacta somente até a difusão do concreto armado e a proliferação dos arranha-céus, a partir dos anos 1930-40.
Fonte de Pesquisa:

DEL BRENA, Giovanna Rosso (org.). O Rio de Janeiro de Pereira Passos. Uma cidade em questão II. Rio de Janeiro: Index: PUC/RJ, 1985.

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