terça-feira, 29 de maio de 2007

A Paris atual, da cidade mais moderna à cidades mais congestionada


O plano de Haussmann interessa-nos hoje, sobretudo enquanto primeiro exemplar de uma ação suficientemente ampla e enérgica para acompanhar o passo das transformações que ocorrem em uma grande cidade moderna, e para regulá-las com determinação ao invés de sofrê-las passivamente.
Haussmann possui uma capacidade instintiva de compreender e de aderir à realidade de seu tempo e, por essa razão, está apto a modificá-la com tanto êxito: a sociedade do Segundo Império encontra em suas modificações uma fachada perfeitamente aderente, e o eco dessa concordância entre programas e realidade, obtido faz um século, ainda é perceptível em nossos dias, no fascínio e na vitalidade que emanam das ruas centrais de Paris.
A capacidade de Haussmann de aderir sem reservas à realidade de seu tempo é também a chave para compreender, tanto o grande sucesso de seus métodos e as numerosas imitações, quanto à discussão sempre viva sobre sua figura e sobre sua obra, até os dias de hoje.
O plano de Haussmann funcionou bem por muitas décadas, graças às margens abundantes contidas em seu espaço, mas depois demonstrou ser inadequado às necessidades crescentes da metrópole; então percebeu-se que aquele dispositivo imponente está destituído de toda flexibilidade e opõe uma extraordinária resistência a todas as modificações; fez de Paris a cidade mais moderna do século XIX, mas a mais congestionada e difícil de planificar do século XX.
As realizações de Haussmann em Paris constituem o protótipo daquilo que chamamos de urbanística neoconservadora; esta transforma-se na praxe comum de todas as cidades européias, sobre depois de 1870, uma série de iniciativas na Itália, México, Brasil, Inglaterra e etc.
Fonte de Pesquisa:
BENEVOLO, Leonardo. A Cidade e o Arquiteto, Método e História na Arquitetura, São Paulo: Perspectiva, 1984.

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