
Em 1929, tendo naquela ocasião suas principais preocupações voltadas a questão da cidade, Le Corbusier já havia desenvolvido algumas de suas propostas urbanas visionárias, como a uma Cidade Contemporânea para três milhões de habitantes (1922) e o Plan Voision para Paris (1925). É com este espírito favorável à grande escala, que acontece o encontro com a América do Sul no final da década de 20, Le Corbusier se vê surpreendido ao confrontar-se com a paisagem da cidade do Rio de Janeiro. A paisagem sul-americana de certa forma causa-lhe um impacto, determinando inclusive uma nova fase produtiva. Segundo alguns críticos: “foi a paisagem do Rio de Janeiro especificamente que maior destaque teve sobre ele”.
Le corbusier sempre foi uma observador atento da paisagem, parecendo buscar o próprio sentido da arquitetura, apesar do carácter racionalista que impregnava seu discurso e sua ação. O carácter da paisagem do Rio de Janeiro demonstrará ao celebre Le corbusier a necessidade de inflexão, devido a sua postura em favor de um racionalismo regulador.
Propondo uma edifício sinuoso, que suporta uma auto-estrada ao longo do território que conforma a cidade do Rio de Janeiro, o que Le Corbusier tem em mente é a possibilidade de todos os habitantes e usuários desta megaestrutura arquitetônica terem eternamente a paisagem da cidade diante de si.
Acompanhando as inflexões do mar e da montanha, o edifício sinuoso quer participar da paisagem, ao mesmo tempo que assume sua missão de permitir o desfrute da contemplação da paisagem “natural” do Rio de Janeiro.
A imagem do meandro dos rios - a lei dos meandros, descoberta por Le corbusier em sua primeira viagem à América do Sul, ao sobrevoar as áreas ruais- pode ser rebatido para a estrutura que conforma a fisionomia do edifício-viaduto. Sinuoso como os rios, que se deslocam horizontalmente ao longo do território e compõe uma paisagem específica, o edifício-viaduto transfere a lógica da água- energia que flui- pela dos automóveis – maquinas que se locomovem.
Apesar de seu objetivo ser o de desenvolver um plano urbanístico, em seus desenhos produzidos durante o processo de estudo, é possível perceber algumas características sobre os aspectos de Le Corbusier lançar seu olhar sobre a paisagem, praticamente desconsiderando a arquitetura da cidade, ignorando a paisagem urbana, atenta-se basicamente para o mar, as montanhas e as parcelas do território que se estende entre ambos. No caso do Rio de Janeiro, com suas particularidades morfológicas: o mar e as montanhas estão sempre presentes e são indissociáveis, definindo a imagem do lugar.
Justamente a favor de uma arquitetura à escala da paisagem se deve a ação corbusiana proposta para o Rio de Janeiro: o edifício-viaduto que, percorrendo a cidade com 100 metros de altura ao longo do litoral da cidade, poderia equilibrar a relação arquitetura-paisagem, a relação artifício-natureza.
O Rio de Janeiro que Le Corbusier representa em seus desenhos é reduzido à poucos elementos: os naturais, que tornam a cidade particular e a identificam, e a sua correspondência: o edifício-Viaduto. Uma única construção para resolver a questão da paisagem urbana do lugar, de modo a transformá-lo efetivamente em um lugar a “medida do homem” e voltado para o Futuro.
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